
06
mai/11
A dois passos do paraíso ©
Estou a dois passos do paraíso. Chamo paraíso o sábado – que é o dia total, pleno, só de delícias feito. Tudo o que se faz no sábado é (ou pelo menos deveria ser) guiado pelo e para o prazer. E eu nem faço tanta coisa. Mas quer delícia maior que não fazer nada? Ainda não achei. “Por isso eu faço tudo pra não fazer nada” (Pop Wu Wei – Gilberto Gil). Além do mais, o duro e cerebral João Cabral já ossificou num belíssimo poema: “Fazer o que seja é inútil / Não fazer nada é inútil”. Até aqui, concordo total com as premissas do poeta. Contudo, não posso concordar com a conclusão: “Mas entre fazer e não fazer / Mais vale o inútil do fazer”. Apesar do que digo, sou alguém de fazimentos – inúteis, claro. Só que são fazimentos no meu ritmo, ora lento, ora ligeiro… E o fazimento maior é a trajetória laboral que já beira os trinta anos. Pensar nisso me assusta – o susto do vivido. Lembro de uma frase inquietante da escritora Nélida Piñon: “Viver é desbravar a própria finitude”. Diante disso, pior não é o susto do vivido, mas o encurtamento do vivível – pelo menos nessa dimensão.
© Nota de canapé: Um velho e conhecido sucesso da banda Blitz.
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