
21
abr/11
Flor do cerrado ©

(O texto que segue foi escrito no dia dos cinquenta anos de Brasília, num momento em que o blog estava nasce-não nasce. O blog deu as caras pouquíssimo tempo depois. Hoje Brasília faz cinquenta e um anos, mas é a mesma cinquentona de um ano atrás.)
Hoje o assunto é a flor do cerrado que faz cinquent’anos. Quando eu cheguei por aqui, encontrei Brasília na aurora dos quarenta. Hoje, cinquentona, é ainda (e sempre) um avião. Ave, Brasília, cheia de graça, bendito o dia em que pousei numa de tuas asas! Daqui só vôo quando o tempo, esse Deus insubornável, decretar que é hora de bater as asas rumo ao derradeiro pouso. Bendito quem te sonhou; bendito quem disse sim ao sonho; benditos os dois gênios que deram traços geniais ao sonho; benditos todos os que te escreveram em concreto. E bendito o teu céu – a maior de tuas catedrais – que te coroa da aurora ao poente. Brasília tem um quê de esfinge, mas é facilmente decifrável. Noutras cidades há esquinas, avenidas, bairros – isso que pronto dá orientação a uma cidade. Aqui temos tesourinhas, (super)quadras, blocos e outras coordenadas geométricas à primeira vista indecifráveis. Basta um breve convívio e a esfinge se mostra nítida e precisa na sua lógica cristalina, sem deixar de guardar em si mistérios outros. Uma cidade feita de sonho, eixo e asas nasceu destinada a voar sem tirar os pés do chão, proeza só possível no âmbito dos sonhos – totalmente possível para ela que nasceu de um sonho. Brasília pousou num altiplano das terras goianas e nele aeroplana monumental. Brasília nasceu decidida a ficar de frente pro Brasil e de costas para o mar. Brasília conseguiu a façanha de pôr num quadradinho o Brasil inteiro – aqui tem “gente de toda cor, tem raça de toda fé”. Em Brasília me sinto mais perto do Brasil. E pensar que Brasília nunca foi um plano meu! Agora sou eu que não saio do plano dela. Quem entende a escrita do destino?
Para Brasília, todo o afeto que se encerra no meu peito.
Ave, Brasília, cheia de graça!
© Nota de canapé: Uma canção de Caetano Veloso – que ainda não ouvi.
(0)


- ▶2014 (111)
- ▶2013 (126)
- ▶2012 (131)
- ▶2011 (118)
- ▶2010 (15)


-
Alessandro Martins
Alexandre Pilati
André de Leones
Angela Delgado
Antônio Cícero
Bibliorodas
Cinthia Kriemler
Conceição Freitas
Docverdade
Eliane Brum
Escritablog
Fabrício Carpinejar
Fernanda Duarte
Geraldo Lima
Germina Literatura
Helcio Maia
José Castello
José Rezende Jr.
Luci Afonso
Maria José Silveira
Mariel Reis
Monica Pinheiro
Paulinho Assunção
Paulo Neves
Paulo Paniago
Rinaldo de Fernandes
Sérgio Rodrigues