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nov/14
Cais ©
Quem se entrega ao “imprudente ofício de viver em voz alta” (Rubem Braga), quem sucumbe ao imperativo de estar visível a todo momento, quem vive de lançar fios de si nessa rede sem fim, vai se defrontar, mais cedo ou mais tarde, com este dilema: ou a pessoa enjoa da brincadeira ou os outros enjoam da brincadeira da pessoa. O certo é que isso de ir “documentando o ócio para o público” (Alcides Villaça) acaba virando uma segunda natureza. E “como tem uns que gostam, e achar leitor não está fácil” (Alcides Villaça), a gente vai ficando. Porque é inegável: “A sensação de que alguns comentários corresponderam a uma forma de encontro não é descartável. Isso fica, aqui ou nalguma outra nuvem” (Alcides Villaça ligeiramente modificado). Agradeço muitíssimo pelo tanto que me fica dessa navegação despretensiosa que iniciei lá no dia 9/5/2010. Creio ter sido um bom timoneiro para o meu barquinho. Um bom timoneiro, no entanto, sabe a hora certa de ancorar. É o que faço. Mesmo ancorado, meu barquinho continuará ao alcance de qualquer navegante à deriva que nele venha aportar, auxiliado pelos poderosos tentáculos do Google.
Volto ao que disse o poeta, crítico e professor Alcides Villaça: achar leitor não está fácil. Daí que não posso correr o risco de cansar minha meia dúzia de leitores fiéis e menos ainda a outra meia dúzia de leitores casuais. Isso nunca. Afinal, foi essa dúzia de leitores que não me deixou navegar sozinho. Sendo certo que não se consegue ser interessante o tempo todo, a ancoragem é mais que prudente. São quinhentos e um textos baldeados para o meu barquinho. Não é pouca coisa. Uma parte do que baldeei deu em quase nada. Outra parte deu em nada mesmo. Desexplicando melhor: parte do que escrevi deu em Quase Nada, livro de crônicas – ou quase! Quase vexado, e porque o Natal já se aproxima, ofereço-o de presente ao raro leitor. Jura que aceita, mesmo sendo um presente de quase nada? Então é só clicar na imagem.
Agora, sim, é hora de ancorar. Antes, julgo necessário um pequeno esclarecimento. Na altura dos trezentos textos baldeados para o barquinho, ameacei seguir navegando até pescar nas águas da palavra mil e um textos. Cheguei a quinhentos e um. Outros quinhentos? Talvez daqui a algum tempo e em outro espaço. Se isso acontecer, o raro leitor terá notícias de que de novo me fiz ao mar. Agora, enfim, me recolho ao cais. Ancorar é preciso.
© Nota de canapé: Belíssima parceria de Milton Nascimento e Ronaldo Bastos.
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Hilda
20 de novembro de 2014Pô, meu querido amigo! Fechar o blog ARTEVIDA??? E nós, como ficamos?
Tu nos presenteaste do que de melhor havia em textos poéticos, informativos, atuais, coletivos, individuais, e nos viciaste… Agora nos pões ancorados em praia deserta???
Não faz isso… Brinda-nos, sem aviso prévio, com um ou outro texto, do gênero que quiseres, com o assunto que te der na telha, na periodicidade que bem entenderes, para que teus amigos, leitores e comentadores (ou não), possam ser surpreendidos com frações de vida, com arte e manhas.
A partir de agora, vou navegar nas nuvens do que ficou e do que virá, porque Tarlei não pode desanimar… Grande, ou melhor, GRANDE ABRAÇO de até já.
Rosa Amélia P. Silva
20 de novembro de 2014Ah, eu não me cansei ainda não… Não, não, não… por favor… Continue abrilhantando a nossa vida com os seus textos. Bjo…
Tarlei
20 de novembro de 2014Rosa, minha Rosa, tenho intenção de voltar daqui a um tempo. E, voltando, poderei dizer como o Gil na canção Back in Bahia: “Hoje me sinto / Como se ter ido fosse necessário para voltar / Tanto mais vivo / De vida mais vivida, dividida pra lá e pra cá”. Por ora, preciso mesmo dar um tempo.
Bjs e obrigado!
Tarlei
Angela Delgado
20 de novembro de 2014Mas, que notícia triste é essa? Se está cansado, tire férias e depois volte!
Tarlei
20 de novembro de 2014Querida mestra Hilda,
feliz demais com o seu comentário. Muito obrigado! Mas, taurino um pouquinho voluntarioso, vou insistir na ancoragem. É preciso. Criei para o ArteVida uma moldura (os títulos, as notas de canapé) e, a essa altura, estou sentindo necessidade de me reinventar. Daí o desejo de, após um ano sabático, voltar de cara nova e em nova casa. Um ano dura pouco, quase nada.
Bjs e obrigado!
Tarlei
Tarlei
20 de novembro de 2014Querida Angela,
essa é a intenção: tirar um ano sabático e depois voltar. Com outra cara. Em nova casa.
Bjs e obrigado!
Eliane
20 de novembro de 2014Tarlei, uma pena vc parar de escrever aqui. Você se cansou? Vai começar outro livro? Vc foi um óimo timoneiro, sim! Não desista!
bjs
Eliane
Francicarlos Diniz
20 de novembro de 2014“Versos nunca viram pó.
Versos sempre viram pólen.”
(Paulo José Cunha)
Marineide Miranda s. Oliveira
20 de novembro de 2014Tarlei querido,
eu não quero que você pare não. Adoro seus textos, menino! Você alegra nossas vidas!!! Dê um tempinho e retorne e por favor, não suma!!! VOLTE ligeirinho!!! Te amo, Tarlei! Muito e de verdade! Nunca vi seus olhos, nunca ouvi seu sorriso, mas sei que te conheço de muitas vidas!!!!
Esperando seu retorno!!!
Beijos e um monte de carinhos,
Mari
Maria Lourdes de Lima Rosa
21 de novembro de 2014Querido Tarlei,
Mesmo não tendo o costume de escrever em teu Blog, sempre aprecio teus textos. São bem elaborados e gostosos de se ler. Sabes que admiro teu modo ímpar de escrever, de Ser… Não deixes de nos dar essa alegria. Mesmo que pares um tempo, (re)começa… A vida é um eterno recomeçar. Um abraço enorme da tua leitora e admiradora. Um abraço grande.
Roseli Pedroso
21 de novembro de 2014Tarlei, sei bem o que é passar por essa crise, pois também andei abandonando meus blogs por vários motivos. Vá, tome fôlego, veja e vivencie outras coisas e retorne. Nós leitores estaremos aqui aguardando seus escritos.
Abraço,
Tarlei
21 de novembro de 2014Obrigado, Roseli! Esse é o propósito da ancoragem: pensar em novos rumos. Fico feliz de saber que tenho leitores dispostos a esperar um pouquinho. Muito obrigado!
Abs,
Tarlei
Tarlei
21 de novembro de 2014Lourdes, minha querida, obrigado pelo comentário!! A idéia é essa mesmo: uma pausa para um recomeço. E concordo total: “A vida é um eterno recomeçar”.
Abs,
Tarlei
Tarlei
21 de novembro de 2014Pois é, Mari: nunca nos vimos, nunca nos ouvimos — e nos sabemos tanto. É pela palavra, essa entidade poderosa, que nos revelamos, muito e tanto, um ao outro.
Sim, é possível que eu volte. Ainda não sei quando. Apenas sei que será em outro espaço — ou seria ciberespaço?
Beijos e um monte de obrigados pelo tanto que você se desperdiçou comigo.
Tarlei
Tarlei
21 de novembro de 2014Que versos lindos, Francis! Obrigado por tê-los trazido à nuvem dos meus escritos — nuvem que voa invisível pelo ciberespaço sideral.
Abs,
Tarlei
Tarlei
21 de novembro de 2014Sim, Eliane. Depois de quatro anos tendo de, a cada três dias, pensar num título, num assunto, numa imagem e num jeito de pôr tudo isso num desenho bacana de se ler, bateu um certo cansaço, uma certa preguiça — esta, talvez influência do ócio instaurado pela recente aposentadoria. O fato é que sempre convivi com um lado preguiçoso e um lado obsessivo. O lado obsessivo andou no comando. A decisão de parar parece ser o sinal de que o lado preguiçoso resolveu dizer a que não veio.
Abs e obrigado,
Tarlei
Selma Álvares
23 de novembro de 2014Vá! Recarregue a embarcação… ideias novas e novos ideais! Mas não se esqueça: o regresso é possível mesmo com mar agitado. Correr riscos faz parte da viagem! Parabéns, Tarlei! Continue… abraço!
Tarlei
24 de novembro de 2014Selminha,
adorei seu comentário. Sim, a ancoragem tem essa intenção: me recarregar. E penso: quem navegou por tanto tempo, não há de ser agora que vai temer os riscos da viagem.
Abs e obrigado!
Tarlei
Vera Maria A. Alves
28 de novembro de 2014Afinal, seu barco está ancorado, e não encalhado. Estou certa que um dia virá de novo a navegar, trazendo-nos o alento de seus textos poéticos e informativos. Um bom descanso e breve retorno.
Tarlei
29 de novembro de 2014Ave, Vera!! Assim seja! Obrigado pelo comentário!
Abs,
Tarlei