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jun/14
O drible ©
Apesar de entender quase nada de futebol, considero-me um especialista em drible. Sou craque em driblar pendências e chatices. Craque? Talvez seja um exagero. Mas alguma habilidade em driblar pendências e chatices – que nunca deixam de estar em campo –, ah, isso tenho! É claro que não dá pra driblar todas elas. Na vida de todos nós há sempre um bocado de atrolhos que temos de administrar. Não dá pra jogar pra escanteio certas chatices do viver. Aí é enfrentá-las. De que chatices falo? Não vou dar às tais chatices esse cartaz. Silenciar sobre elas é uma forma de drible. Viver exige dominar a arte de driblar até o limite da perfeição. Com a vida em jogo, corremos o tempo todo pra lá e pra cá, dividindo bolas com quem está em campo conosco. Enquanto durar o jogo, a vida é isso: correr, driblar, cair, levantar e, num golpe de sorte, marcar alguns gols. Também vale como gol levantar a bola pra outro companheiro de jogo – e deixar que ele faça o gol. Não se joga sozinho, não se faz gol sozinho. Jogando sempre, o lance é torcer pra que no fim da partida o placar nos seja favorável. Tudo dependerá – acho – do nosso comportamento durante o jogo. Não dar bola pro azar, por exemplo, é uma bela estratégia. E sabemos todos: jogar/viver só se aprende jogando/vivendo.
© Nota de canapé: Livro do escritor e jornalista Sérgio Rodrigues. É um dos finalistas do Prêmio Portugal Telecom, o que prova que é bom de drible, tendo deixado vários concorrentes para trás.
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16 de junho de 2014Tarlei,
reflexão maravilhosamente certa e gostosa de se ler e se ver. Eu me vi! Vivo driblando, por vezes ganhando, muitas perdendo: vivendo!
Beijos,
Mari
Tarlei
16 de junho de 2014Querida Marineide,
você sempre enchendo minha bola. Muito obrigado! Adorei o “por vezes ganhando, muitas perdendo: vivendo!”. E aqui cabe lembrar o que disse Nelson Rodrigues (cito de memória, com grande possibilidade de traição): “Na vida, o mais importante é o fracasso”.
Bjs,
Tarlei