
02
jun/14
Começos de um delírio ©
Quixote por natureza, estou sempre montado em algum sonho, algum delírio. O delírio da vez começou por causa de um amigo. Esse amigo resolveu entrar para o ramo editorial e era preciso dar nome ao selo. Pediu-me sugestões. Pensei em algumas, entre as quais Editora PretoNoBranco. O amigo gostou mais de outra sugestão: Editora Lume. A escolha final do nome, no entanto, dependeria de consenso entre os sócios. Escolheu-se outro nome para a editora e eu, que tinha me empenhado nas sugestões, achei que o nome PretoNoBranco era perfeito para uma editora. Porque é isso um livro, na sua mais despojada e sofisticada simplicidade: tipos pretos impressos na folha em branco. O nome ainda carrega o sentido de uma verdade (no caso da literatura, uma verdade artística) que se quer deixar por escrito. Aí pensei, pronto para cavalgar mais um delírio: por que não fundar uma editora? É bem possível que eu não consiga dar contornos de realidade ao delírio, embora ele não deixe de me assediar com a força de uma idéia fixa. Pra me distrair dessa idéia fixa, o Quixote que sou resolveu segurar um pouco as rédeas do delírio e vem formatando um desejo de contornos mais factíveis. Mas nada impede que esse desejo também desembeste e vire mais um delírio. Por isso prefiro mantê-lo resguardado pelo silêncio. E fica o raro leitor poupado de mais um delírio. Porque, para mim, nada mais fácil que seguir o galope de um delírio.
© Nota de canapé: Texto do Otto Lara Resende. Está no livro O príncipe e o sabiá.
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