Canto em qualquer canto ©
Categoria: Música

Gosto muito de cantar, mas não canto em qualquer canto. Canto apenas no meu canto. E não canto todo dia. Ouvir música, sim, ouço todo dia. Cantar é quando vem o desejo de uma música, e outra, e outra. As músicas que ouço todo dia, ouço-as em modo aleatório, ao sabor do que toca no rádio. As músicas que canto, canto-as escolhidamente. Assim: repasso todos os LPs (sim, LPs) em busca do que a alma pede pra cantar. Os LPs são muitos (uma centena, talvez) e me acompanham desde muito antes de terem se tornado vintage. Escolhido o que cantar, há o ritual de escolher o lado, de posicionar a agulha. Assim a cada música. E sendo os LPs de muito tempo atrás, há os preciosos chiados – que não troco por nada. Então canto. E canto não porque tenha males a espantar, antes para celebrar os bens (tantos) que se dispõem no meu caminho. Canto porque o motivo existe. E se não há motivo, canto para fazer do cantar o próprio motivo. Canto porque a música me encanta. Por isso canto e recanto em busca de encanto. E canto junto: canta o cantor e canto eu. Enquanto canto, alguma coisa acontece no meu coração. Cantando, às vezes choro. Cantando, muitas vezes danço. Canto pra ficar odara. Se a vida grita, eu canto. Se a vida encanta, eu canto. Quando eu canto, o encanto toma conta da minha alma – e a tira pra dançar. Se ela dança, eu canto.

© Nota de canapé: Uma parceria de Ná Ozzetti e Itamar Assumpção que já nasceu clássica. Ná gravou. Mônica Salmaso gravou. Ney gravou. E todas as gravações são lindas.


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    Nathalia Leão
    27 de maio de 2014

    Tarlei, devolvo as suas palavras que embalam sonhos, lembram cantigas entoadas desde a infância, rememorando a minha própria paixão pelo canto. Fiz aulas de canto lírico e canto coral. Amo cantar em qualquer canto! Lá vai o meu Faz frio mas eu canto. Beijos poéticos!

    FAZ FRIO MAS EU CANTO

    O mundo feito de matéria bruta
    Pode até não nos escutar.
    Porém o universo sensível feito de sutilezas
    Este nos acolhe,
    Embrulha nossos sonhos
    Em papel de seda perfumada de sândalo
    Volatiza os nossos desejos
    E os espalha no vento
    Para que se misturem nos campos
    Floresçam os dias.
    E nossa voz vigorosa será canção.
    Ouvida nos quatro cantos.

    Nathalia Leão Garcia


    Tarlei
    29 de maio de 2014

    Nathalia,
    lindos o comentário e o poema. Parabéns e obrigado!
    Abs,
    Tarlei






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