
18
jul/13
Copo vazio ©
A falta de assunto não é novidade pra ninguém. Todo escrevente tem sua hora de se sentir um copo vazio. É como estou. Copo é feito para conter. Eu não me contenho, daí que às vezes me sinta vazio. Esvaziado de assunto, encho de vazios o texto. “É sempre bom lembrar que um copo vazio está cheio de ar”. Um texto vazio estará cheio de quê? Cheio de vazios, seria o caso de responder. Mesmo vazio, um texto estará cheio de palavras. Cheio de palavras, mas vazio de substância. E se estou vazio é de tanto me derramar desatento. Não se faz água do nada. Os fatos contáveis, antes de contados, precisam ser filtrados, limpados das impurezas, das contaminações… Só devem ir para o papel depois de sedimentados na memória. Essa destilação está a cargo do tempo. Quem escreve apressado, sem essa alquimia do tempo depurando os fatos, escreve cru, escreve antes da hora. Meu jeito de escrever é sempre em estado de urgência. E escrevo de qualquer jeito. Não dou tempo de minha água interior brotar cristalina, talvez pela incerteza de que a espera fizesse brotar a água interior. Daí que o texto saia sujo, pouco potável. Eis o que importa nesse estágio da minha fúria escriVÃ: o texto sai. Um texto é um texto é um texto é um texto…
© Nota de canapé: Canção do Gilberto Gil.
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19 de julho de 2013E não é que gostei desse texto “vazio”?
Beijos.
Tarlei
19 de julho de 2013E não é que você me enche de afagos? Obrigado!
Bjs,
Tarlei