
05
jun/13
Máquina de escrever ©
Apesar de adorar o objeto “máquina de escrever”, escrevo da forma mais rudimentar: à mão e a lápis. De lápis em punho, escrevo como uma máquina. Sim, a escrita é veloz, caótica, desgovernada, quase ininteligível para mim mesmo. Se for grande o espaço entre o escrever e o passar a limpo, o quase ininteligível fica todo ininteligível. A preferência pelo lápis não se explica porque, em caso de mudança, prefiro riscar a apagar. Nesse caso, não faria diferença o uso do lápis ou da caneta. Mesmo não havendo explicação, prefiro o lápis. Deve ser apenas pelo capricho de, em eu querendo apagar, poder fazê-lo, o que o escrito à caneta não permitiria. Idiossincrasias de escrevente. A essa altura da minha obsessão de escrevente, posso dizer que sou uma máquina de escrever. E sinto que a máquina de escrever tende a ultrapassar a máquina de ler, se já não a ultrapassou. Enquanto que a leitura tem hora marcada (falo da leitura pra valer), a escrita acontece a qualquer hora, notadamente na hora em que não tenho tempo. Quando escrevo sem preocupação com o tempo, não é incomum acontecer de o texto empacar. E quando o texto empaca, decido: escrevo na hora em que não tiver tempo. Porque, confrontado com alguma impossibilidade, é líquido e certo: o texto flui. Não tento mais entender. Apenas repito, conformado: idiossincrasias de escrevente.
© Nota de canapé: Livro do poeta Armando Freitas Filho.
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5 de junho de 2013Eu tenho um lápis digital, eheheh… Grande abraço.
Tarlei
5 de junho de 2013Oi, Eudes!
Como já disse em algum lugar, uns conseguem o salto evolutivo. Eu, não. Na marcha da evolução, sou um elo perdido.
Abs,
Tarlei