Os dias lindos ©
Categoria: Literatura

Nesses primeiros dias de maio o céu de Brasília tem estado de um azul celeste, celestial. A lanterna do sol despeja na terra uma luz que aquece sem incomodar, deixando no ar uma leve promessa de frio. “Um dia frio. Um bom lugar pra ler um livro” – tenho tudo que quero. Hoje eu não sofreria nem por mim mesmo, entronizado no egoísmo hedonista. Curtindo duas semanas de férias, só quero me entregar à festa dos sentidos satisfeitos com o dia, o frio, o sol, o céu. Quando se trata de agradar os sentidos, o meu propagado lema “Eu quero é menos” se transmuta, sem culpa nenhuma, no voraz “Eu quero é mais”. Não se consegue fugir do prazer, do contentamento dos sentidos. Por isso nos deixamos levar tão facilmente pela roda hedonista. Aliás, roda é perfeito sinônimo daquilo que foi feito para fluir sem esforço – basta que haja uma superfície plana por onde se deslizar. E essa superfície, para os sentidos, pode ser apenas um dia lindo – como o de hoje!

© Nota de canapé: Livro de crônicas do Drummond.


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