Minifesto ©
Categoria: Literatura

Pra não perder o costume, uma reclamação necessária. Ou, para ser exato, um minifesto. E por ser um minifesto, bastam estas palavras de ordem: “Abaixo o código de barras”. Tenho pânico de quando vou a caixas eletrônicos e vejo alguém com boletos de cobrança nas mãos. E há quem os leve às dúzias. Mesmo quando o usuário é ágil, o processo é demorado. Alguém já viu algo mais disfuncional do que a posição dos leitores de código de barras? Aquilo parece feito com o nítido propósito de não ser ergonômico. Se fosse só a falta de ergonomia, vá lá!! A experiência que tenho (de olhar outros usuários) é que a leitura quase sempre não funciona. Aí é preciso digitar os duzentos algarismos do código de barras. E seria preciso mesmo um número tão grande de números? Uso caixas eletrônicos basicamente para saques. E como sempre estou observando os meus vizinhos de vida, cataloguei certo comportamento dos usuários de caixas eletrônicos: o do visível prazer de estar com as mãos repletas de boletos. Os tais postam-se à frente dos terminais com pernas ligeiramente abertas. Quando vejo alguém assim, é batata: está cheio de contas a pagar com código de barras. E não se pode esquecer dos que costumam conferir o extrato na frente do terminal. E porque sempre há gente à espera da liberação do terminal, e porque há quem não se toque, é preciso dar um toque no distraído. A vida em sociedade é barra. E o código tácito da preocupação com o tempo do outro tem pouca presença nas interações sociais.

© Nota de canapé: Poema do Leminski.


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