O fazedor ©
Categoria: Literatura

Costumo dizer que tenho uma saúde de vaca premiada, expressão que o Nelson Rodrigues gostava de usar, tanto se referindo a mulheres quanto a homens. Embora a saúde, o certo é que o corpo acusa algum cansaço, não sendo improvável que a causa maior seja a vizinhança do meio século. E talvez pese nesse cansaço muito do meu próprio jeito de ser, exagerado e obsessivo. Só pra pontuar: eu trabalho 8 horas por dia, eu leio todo dia, eu escrevo quase todo dia, eu blogo, eu navego, eu publico no Facebook, eu vou ao cinema quase todo fim de semana, eu vou à Livraria Cultura todo sábado, eu caminho, eu cumprimento por escrito quase todos os colegas aniversariantes e todos os amigos mais próximos do Face (e para cada qual penso numa frase especial), eu vejo o que rola na TV, eu ouço música, eu viajo, eu presto atenção a tudo a meu redor, eu fico atento às demandas de minha mãe, eu fico de olho nos eventos (palestras, shows, saraus etc) da cidade, eu fico atento às necessidades dos meus vizinhos de vida, eu vivo fazendo graça, “eu tenho uma porção de coisas grandes pra conquistar e não posso ficar aí parado”, eu pinto e bordo, eu deito e rolo – e ainda tenho tempo pra sonhar. Eu não sei como dou conta de tudo isso. Quer dizer: acho que sei. Fazendo tudo malfeito e depressa e deixando um monte por fazer. Mesmo fazendo tanta coisa, e não fazendo outro tanto, o que resta é aquela angústia que Fernando Pessoa captou tão bem: “Querendo, quero o infinito / Fazendo, nada é verdade”.

© Nota de canapé: Livro do argentino Jorge Luis Borges (1899 – 1986).


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    Angela Delgado
    17 de novembro de 2012

    Discordo do “fazendo, nada é verdade”, pois tudo o que você faz deve ficar gravado no coração das pessoas. Falando em filmes, viu “Gonzaga, de pai para filho”? AMEI esse filme, chorei bastante, mas saí dançando o baião!


    Tarlei
    17 de novembro de 2012

    Querido Angela,
    agradeço por discordar de mim e mais ainda por achar que consigo me gravar no coração das pessoas. Falando em dançar o baião, era a dica que faltava pra eu ver o filme. Obrigado!
    Abs,
    Tarlei






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