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nov/12
Não tenho medo da morte ©
O “divino, maravilhoso” Gilberto Gil já disse: “É preciso estar atento e forte / Não temos tempo de temer a morte”. O milagre da vida impõe a fatalidade da morte. Ou, para não ser mórbido, a vida impõe uma travessia que sabemos onde vai dar – ainda assim temos de ir em frente.
Quando disse aqui que não tenho medo da vida, foi só um jeito de dizer que estar na vida é incompatível com o medo. Uma vez dentro da vida, é imperativo viver – sem medo.
Quando digo que não tenho medo da morte, é só um jeito de dizer que não há como fugir desse derradeiro ato a que temos de estar presentes.
Porque, diante da vida ou da morte, medo há. Apesar do medo, vivemos. E morremos. O findar de nosso desenho é certo. Incerto é o modo como se dará o último traço: suave ou abrupto? Nascemos já com um encontro marcado a que não podemos faltar. Quando muito, retardar o passo. Clarice diz, acertadamente, que “a vida serve é para se morrer dela”. O bom é que uma verdade pode ser dita de várias maneiras. Por exemplo, da maneira dita neste belíssimo poema da Marina Colasanti: “A morte não é feia / nem bonita. / A morte é onde a vida / põe um ponto. / Um ponto / de partida.”
© Nota de canapé: A mais linda das canções recentes do Gilberto Gil. Pode ser ouvida aqui.
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