
04
abr/12
Andar com fé ©
“Viver é muito perigoso” (Guimarães Rosa), então é preciso andar com fé. Sem fé não se vai a lugar algum. É preciso ter fé até o fim. É preciso ter fé na vida, fé no sonho, fé no amor, fé na alegria, fé em Deus, fé em si, fé no outro, fé no futuro, fé no transcendente… Se a gente olhar bem, estamos cercados de milagres por todos os lados. Os maiores deles, para mim, são a vida e a arte. Como não ter fé se somos produto de um milagre – o milagre da vida? Como não ter fé se o homem traz em si o milagre da arte? Como não ter fé se a natureza nos assombra com o milagre de uma beleza desenhada pela mão invisível do tempo?
O médico psiquiatra Viktor Frankl, sobrevivente de um campo de concentração, se dedicou a entender o porquê de tantos terem conseguido sobreviver a uma realidade absolutamente incompatível com a vida. Ele concluiu que a força dessas pessoas, e dele próprio, vinha de enxergarem um sentido naquilo tudo. A vida precisa fazer sentido. E nas situações mais adversas talvez seja preciso inventar um sentido para a vida. Aí entra a fé. Aí entra a arte. A razão não explica a fé. O fato de não se conseguir uma explicação racional para a fé em nada altera a realidade de sua existência. Do mesmo modo que se diz que 90% de nossa vida psíquica se passam no inconsciente, não é implausível admitir que a razão alcança uns 10% de tudo quanto há. Será? Eu nada sei. Parafraseando Gonzaguinha, só sei que acredito na vida e na vida eu ponho a força da fé. Não quero perder nunca “a estranha mania de ter fé na vida” (Milton Nascimento).
© Nota de canapé: Uma canção do Gilberto Gil.
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