A extinção dos tecnossauros ©
Categoria: Literatura

Não sei bem por quê, mas resolvi comprar o livro Desenvolvendo sites e blogs com Wordpress sem programação, de Sérgio Ayroza Cury. Ah! Onde a maravilha de conhecer todos os comandos e recursos de um hardware/software? Daí minha nostalgia assumida pela máquina de escrever, aquele objeto perfeito. É por isso que mantenho minha amada Olivetti Lettera 82. A propósito, a imponente máquina de escrever que está aqui no blog tem tudo a ver com essa nostalgia, além de figurar o fato óbvio: o computador engoliu a máquina de escrever… O desejo de ter o livro, que certamente não vou ler, é só para não correr o risco de fazer encomendas esdrúxulas ao meu webdesigner de estimação. Não gosto de parecer desinformado, mesmo quando se trata de assuntos completamente fora do raio da minha curiosidade. O momento é de descarte de conhecimentos inúteis. Minha cabecinha atrapalhada não tem mais disposição para operar a tralha eletrônica que desembarca a toda hora no mercado, e tudo vem com zilhões de recursos. Sou um tecnossauro condenado à extinção. Enquanto esse dia não chega, tiro onda de blogueiro, insinuo intimidade com a web, brinco de webwriter e me iludo com um destino de webstar… Tudo fantasia. Na vida real, só faço atualizações tecnológicas quando não fazê-las ponha em risco a minha reputação. Passei por isso há não muito tempo.

Às voltas com a monografia de uma pós em Letras e precisando digitar o texto monográfico, peguei meu disquete e fui para uma lan. Era uma lan de bairro (o bairro onde minha mãe mora e onde eu passava uns dias), a mais simplesinha que se possa imaginar. Cheguei, pedi uma máquina, conectei-me e comecei a procurar o orifício onde inserir o disquete. Nem sinal. Senhor de mim, e deplorando mentalmente a qualidade da lan, perguntei ao atendente: “Onde está o drive para disquete?” Não me esqueço da reação do atendente: ao dizer não haver o tal drive, era visível o pasmo divertido diante de um usuário tão absurdamente desatualizado. Data daí o meu primeiro pendrive. Confesso que incidentes dessa ordem não me tiram a altivez, mas o episódio provocou ligeiro abalo nela, o que me obrigou a uma atualização urgente e, em alguma medida, envergonhada.

© Nota de canapé: Livro que se propõe a traçar uma “biografia” das máquinas que não emplacaram.


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