
15
mar/12
Os fios da memória ©
A memória tem-me traído sem dó e eu continuo acreditando nela. A tendência é ser benevolente com quem nos foi fiel por tanto tempo. Ainda vai um tempo até que eu assimile de vez a infidelidade presente. Por ora minha memória e eu estamos na fase “te perdôo por me trair”. É espantoso como ando com a memória ruim. Se fosse uma memória ruim seletiva, vá lá! Mas parece uma ruína geral. Releve o exagero – que seria de mim sem ele? É exagero mas não é mentira – eis o drama que um acontecimento recente ilustra à perfeição.
Num evento aqui em Brasília tive oportunidade de me aproximar da escritora Nélida Piñon, de quem sou grande admirador e de quem acabei amigo pelas graças da sorte, como já contei aqui. A conversa bordejou por vários assuntos e acabou chegando à poeta Marly de Oliveira, de quem Nélida foi grande amiga. Todo cheio de mim, lembrei-me de que ela, Nélida, havia usado trecho de um poema da Marly de Oliveira como epígrafe em um de seus livros. E disse com a presunção da certeza absoluta: “Está no livro O calor das coisas“. Quando fui conferir, dias depois, apenas para confirmar a sólida certeza, nada da epígrafe. Seria possível tamanho equívoco? Foi. O fato é que a epígrafe está em outro livro da Nélida, A casa da paixão, edição da Nova Fronteira. Por tudo isso, resolvi adotar a seguinte receita para tornar a memória infalível: esquecer o que é inútil sem me angustiar com a possibilidade de esquecer o que é imprescindível.
© Nota de canapé: ver aqui.
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