
09
out/10
Catar feijão ©
João Cabral, o poeta cabal, diz num belíssimo poema que catar feijão se limita com escrever. Não discordando, digo que escrever se limita com puxar fios. A gente vai emendando um fio no outro até surgir um tecido, um texto, um bordado. Dependendo do desenho que se vai fazendo, nem todo fio que se puxa serve – precisa ser descartado. E nem sempre se consegue puxar o fio que daria ao texto mais leveza, mais cor, mais movimento… Escrever será sempre um ofício de artesãos pacientes. Não há pressa que faça nascer um texto. O texto pode até ser feito depressa, mas isso terá sido precedido de uma elaboração longa e silenciosa. Gosto da ideia de artesanato – a beleza que surge do ordinário, do comum, unicamente pela habilidade do artesão. Só o que desejo: ser um artesão das palavras. E viver sob a certeza de que quanto mais escrevo, mais escravo.
© Nota de canapé: Poema que está no livro A educação pela pedra e depois. E se é do cabra Cabral, o que escrevia no idioma pedra, é pedra de toque fundamental.


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